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Welcome, take a seat.

Qual é o tamanho do (seu) universo?

Hem Joints, Elizabeth Gilfilen (2018)

Hem Joints, Elizabeth Gilfilen (2018)

No universo, existem elementos de proporções tão gigantescas que não conseguimos nem imaginar. No centro de nossa galáxia, há um buraco negro com 4 milhões de vezes a massa do sol. Há galáxias que chegam a ter buracos negros com 1 bilhão de vezes a massa do sol. Isso sem contar uma série de outras informações curiosíssimas e inimagináveis de outros corpos celestes e propriedades do universo. Se você ficou curioso, sugiro ouvir esse podcast (em inglês), ler este livro (em inglês) ou estes dois livros: A ou B (já em português).

Eu gosto de ler sobre o espaço. Além da curiosidade e das informações surpreendentes, há uma sensação boa de que meus problemas não são tão grandes assim. Eu fico mais leve ao saber que tantas coisas aconteceram antes deu eu aparecer por aqui. A consciência de que há muito pela frente - um futuro com o qual não terei contato - não é tão reconfortante, mas a gente leva como dá.

É um mistério bonito demais, com o qual eu também tenho tentado me acostumar desde que passei a ter um contato mais próximo com esses temais "universais". Frente a isso, um pneu furado toma dimensões desprezíveis. Uma briga de família fica mais fácil de se resolver. Uma discussão no trabalho não incomoda tanto assim. Um post de mídias sociais do qual discordo não me faz questionar a evolução da humanidade. Perceber-se no universo é um exercício bacana de controle do ego.

Mas aí vem aquela topada no dedo me traz de volta à realidade. Afinal, ainda que eu seja pequeno nesse infinito universo, meus problemas são grandes, pra mim. Eu quero me manter saudável para viver mais tempo, quero me envolver em trabalhos que acrescentem significado a minha vida e por meio dos quais eu possa obter conforto financeiro. Quero manter uma família feliz, poder devolver a meus pais o cuidado com que me trataram e oferecer aos meus filhos um contexto que os permita construir vidas cheias de experiências enriquecedoras, divertidas e felizes. E nada disso vem fácil. Eu tenho meu próprio universo, cheio dos meus próprios mistérios. E preciso dar atenção a ele. Por isso, não jogo tudo pra cima e me perco na imensidão.

Equilibrar esses dois pontos de vista demanda prática. Eu sinto como se estivesse sobre uma balança na qual de um lado está a preocupação com meus problemas e de outro a necessidade de tratá-los com leveza. A depender da gravidade da questão e do meu humor, a balança pende para um dos lados. Por questões óbvias, não tenho controle sobre a gravidade dos problemas que aparecem. Então, só posso atuar sobre meu humor, que alimento periodicamente com livros e outras diversões. Cada viagem que faço ao espaço é um grande alento à alma. Quando volto à Terra, a vida é mais bela do que antes. E os problemas menos imponentes.

Se você já não faz isso, sugiro que experimente. Que tal começar viajando pelo espaço nos links acima?


Eu escrevi a coluna “Calma, gente” no Huffpost Brasil anos atrás. Esse texto foi publicado em 18/07/2016.