Níveis de trabalho remoto por Matt Mullenweg
Matt Mullenweg é o fundador do Wordpress e da empresa Automatic, um hub de companhias virtuais, além de liderar o site Distributed.blog, onde reflete sobre os benefícios do trabalho remoto. Em abril, ele compartilhou em seu site uma reflexão sobre o processo pelo qual uma empresa passa até se tornar especialista em trabalho remoto. Ele considera que há 6 estágios até o que chama de Nirvana.
A autonomia de nível zero envolve o trabalho que só pode ser feito localmente: construção civil, barista, massoterapeuta, bombeiro.
O primeiro nível é o que concentra mais empresas: não há um esforço deliberado para tornar as coisas fáceis de controlar. O trabalho acontece no equipamento da empresa, no espaço da empresa, no horário da empresa. Pode haver uma VPN desajeitada para acesso a documentos.
O nível dois é onde se encontram muitas empresas durante esta pandemia do COVID-19. Aceitaram que o trabalho vai acontecer em casa por um tempo, mas recriam o que estavam fazendo no escritório em um ambiente "remoto". Pode-se acessar informações de longe, usa-se o Zoom, mas tudo continua sincronizado, seu dia está cheio de interrupções, nenhuma reunião em tempo real foi cancelada (ainda) e ainda há muita ansiedade no gerenciamento em torno da produtividade.
No terceiro nível, passa-se a se beneficiar do modelo remoto. Pessoas investirem em melhores equipamentos e em processos assíncronos mais robustos que começam a substituir as reuniões. A comunicação escrita ganha mais valor e anotações passam a ser realizadas de forma mais inteligente.
O nível quatro é quando as coisas ficam realmente assíncronas. Você avalia o trabalho das pessoas sobre o que elas produzem, não como ou quando elas produzem. A confiança mútua mantém toda a operação unida.
Por fim, o nível cinco: quando sempre se apresenta um desempenho melhor do que qualquer organização pessoal poderia. É possível ser eficaz sem esforço. É quando todos na empresa têm tempo para o bem-estar e a saúde mental, quando as pessoas se esforçam e têm os mais altos níveis de criatividade para fazer o melhor trabalho de suas carreiras e se divertir.
Matt termina sua analise destacando 3 elementos que considera essenciais para a motivação pessoal: domínio, propósito e autonomia. Segundo ele, os dois primeiros podem ser entregues por uma companhia centralizada, mas o terceiro não passará do quarto nível de uma empresa em que os colaboradores trabalham remotamente. O exercício da autonomia se dá desde a montagem de seu ambiente de trabalho à construção da sua agenda. E, cada vez mais, esse parece ser um caminho sem volta.