Paz e tranquilidade
Os fins de semana têm sido mais longos. Eu tenho lido mais, acordado mais cedo, feito mais coisas. Tudo isso faz dois dias que pareciam tão curtos se estenderem de uma forma que a maioria das pessoas adoraria perceber. Hoje eu li The Cocktail Party, peça do T. S . Eliot. Acho que a profundidade das leituras ajuda na impressão de que o tempo é mais longo. Como se refletir sobre algo que nunca se pensou expandisse o tempo. Vários trechos chamaram minha atenção em meio à peça.
O estranho Sir Henry Harcourt-Reilley, quando ainda não identificado, dá sequência ao seu discurso de mudança contínua do indivíduo — antes ele já havia dito "We must also remember that at every meeting we are meeting a stranger". Mais à frente, complementa:
Ah, but we die to each other daily. What we know of other people is only our memory of the moments during which we knew them. And they have changed since then. To pretend that they and we are the same is a useful and convenient social convention Which must sometimes be broken. We must also remember that at every meeting we are meeting a stranger.
É verdade. Mas eu gostei especialmente do trecho em que Peter fala de Celia para Edward, sobre como ela o fez se sentir:
But I thought that she really cared about me. And I was so happy when we were together — so… contented, so… at peace: I can’t express it; I had never imagined such quiet happiness. I had only experienced excitement, delirium, desire for possession. It was not like that at all. It was something very strange. There was such… tranquillity…
Esse tipo de amor, independentemente da ideologia, da revolta, da reclamação… é a meta. Essa alegria calma, que é exceção por definição, e exatamente por isso objetivo maior.
Publiquei este texto no Medium em 18/03/2018.