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Welcome, take a seat.

Do nada a tudo

Nossa casa da praia.

Nossa casa da praia.

Hoje o dia começou sem nuvens, com um céu azul pouco provável. Clarissa relembrou a tempestade tropical Cardoso-Simões pelos idos dos anos 90 em Cancun, quando a família alterou o clima da cidade paradisíaca com habilidade ímpar e levou chuva para onde nunca deveria chover. Aparentemente, a família não perdeu a mão com sua representante revelando que, ao invés de levar clima ruim, o que fazem é um overlapping climático, que, para o nosso caso peruano, vem bem a calhar.

Ontem à noite, pós-viagem pelo tempo em 2 museus bacanas, fomos ao “restobar” Ayahuasca, onde nos embriagamos com pisco sours calibrados sem pudor pela equipe do local. A comida demorou demais, mas fomos recompensados pelo atraso. Diliça. Foi o primeiro local onde ouvimos música posterior aos anos 80 por aqui.

Rumamos ao aeroporto para pegar nosso voo a Talara no ar condicionado salvador do Uber. Na trilha sonora, Lionel Richie (~Say You, Say Me~). O motorista não resiste e, timidamente, canta junto. Não o culpo.

O voo foi relativamente tranquilo, acompanhado da criança chorona no banco de atrás. Nada que o combo iPhone® + Spotify® + Beats by Dre® não ajude a resolver.

Já de cima, antes de chegar a Talara, o cenário desértico anunciava o calor em terra. Muito lixo e barraquinhos dividiam espaço com poeira e pás eólicas. O aeroporto me lembra aqueles do interior do nordeste por onde me perdi com mamãe e Rodolfo pelos idos de 80/90.

Já na saída do (caótico) salão de embarque, um rapaz segurando o cartaz com nome Paula Garages (o nome certo é Farage) nos recepcionou. À primeira vista, Talara é uma mistura de Índia com Faixa de Gaza. O cenário sertanejo distópico é impressionante. O pouco de verde que se vê me fez pensar de onde se consegue água por aqui. Enquanto Luiz Gonzaga ressoa na minha cabeça, o motorista percorre a pista recém recapeada relativamente boa.

Chegamos a Los Órganos, uma cidade micro. Ao entrar no condomínio Villa Mariana, tudo muda. Nossa casa é linda, a 100 metros da praia, com piscina aquecida, segurança pra todos os lados e… e… Sei lá. Tá tudo bem.

Fomos fazer compras numa venda próxima e compramos metade da venda. Temos mantimentos para 2 meses. Adeus, Brasil. Brinks. Mas a parte dos mantimentos para 2 meses é verdade.

Na volta, demos um pulo no oceano Pacífico enquanto o sol se punha no mar. A água estava gelada ao início, mas um ou dois mergulhos nos colocam no lugar. Todos entramos na água satisfeitos, lavando um ano de trabalho com felicidade e leveza. Vamos comer aqui em casa mesmo. Paulinha está fazendo o jantar enquanto bebemos cerveja ouvindo a trilha sonora que o Goma preparou para a nossa viagem.

Clarissa com sorriso no rosto vale mais do que tudo. Tá tudo bem.


De 2015 para 2016, passei o fim de ano com amigos no Peru. Esse texto foi publicado no Medium em 29/12/2015.